sábado, novembro 12

Eu quero ir pra Boiçucanga 3

O camping

Em Paraty, a esperança de que as coisas podiam melhorar foi por água abaixo. A perua não podia parar no trânsito, porque só pegava no tranco, empurrando. O camping das amigas do Zé estava lotado e tivemos de montar as barracas na praia. Não lembro se dormimos uma ou duas noites lá. Mas, só prá resumir, a Rê e o Edmar foram roubados (tiraram a carteira deles de dentro da barraca, enquanto dormiam), algum inseto picou o pé do Marcos, que ficou do tamanho de um pão, e o Zé também passou mal. Disse que caiu no banheiro. Nem o banho de mar era agradável. A Mônica também não parava de gritar a cada 15 minutos "Zééé, eu quero ir....". Juro que escutei o grito dela até de madrugada. Resolvemos voltar antes pra casa. Mas o que parecia péssimo ainda ficaria pior.

O retorno

Em Caragua, o motor da Kombi fundiu. Conseguimos chegar a uma oficina mecânica e o cara cobrou o que hoje deve equivaler a uns R$ 800 para consertar. Ninguém tinha dinheiro. Mas eu tinha, no banco: grana que meu pai depositou para pagar a matrícula do curso de Jornalismo. Aí rolou o maior pau entre eu e o Zé: ele defendia que eu comprasse as passagens para todos irem pra casa de ônibus. Em Santo André, a grana seria devolvida. O Marcos achava melhor consertar a perua e voltar de carro e todo mundo rachava o conserto. Pegaria a grana em Santo André. Concordei com o Marcos. Contrariado, Zé parou de falar comigo na hora.
Enquanto os caras mexiam no motor, a gente de um lado pra outro da estrada, debaixo do sol, sem ter o que fazer... O Zé pegou Mulheres, do Bukowski, e começou a ler alucinadamente. Nem levantava o olho. Eu o chamava, ele nem olhava pra minha cara. Queria matá-lo de raiva. Acho que leu o livro todo. À noite, aquela droga de perua ainda não estava pronta. Por caridade, os caras deixaram a gente dormir em um tipo de ap. sobre a oficina, que não tinha sido alugado pro feriadão. Foi uma benção para o corpo. Mas estávamos com fome e atacamos o armário do lugar. Tinha uma feijoada enlatada... Eu não comi, mas quem comeu se arrependeu no dia seguinte...
Na volta, mal nos falamos. Em casa, disse pra minha mãe que tinha voltado antes porque o tempo estava muito ruim... Quem ficou, morreu de dar risada da nossa sorte.

O saldo

1. A viagem, apesar de ter envolvido só cinco do Molambo, foi meio que o sinal pra mim que estava na hora de pular fora de tudo aquilo. Aos poucos, fui saindo do grupo.
2. Nunca mais aceitei viajar de Kombi.
3. Uma vez, vindo de Visconde de Mauá para cá pelo Litoral Norte, quis parar em Boiçucanga, só prá saber por quê a Mônica queria tanto ficar naquela praia. Desculpe Moniquinha, mas odiei.
4. Não como feijoada enlatada, nunquinha.
5. E só fui ler Mulheres muitos anos depois. Comprei em um sebo. E adorei.

sexta-feira, novembro 11

Eu quero ir pra Boiçucanga 2

A viagem

Antes mesmo de sair pra estrada, a Mônica perguntou porque a gente não ficava em Boiçucanga. Mas o projeto era Paraty. O Zé conhecia umas meninas que tinham ido pra lá e acho que imaginava acampar próximo. O projeto dele deu todo errado. Quando passamos de madrugada por Boiçucanga a Mônica nos acordou com a frase que repetiu uma 100 vezes durante o passeio: "Zéééé, eu quero ir prá Boiçucanga, Zééé..." Assim, gritado e cantado ao mesmo tempo, bem pra irritar mesmo. No final dos "passeio" a minha vontade era bater na garota, que tinha lá os seus 15 anos.

Sem bancos, viajamos deitados num colchonete. Rodávamos muito devagar, porque aquela Kombi não corria. Quando chegamos em Caragua, os problemas começaram. Furou o primeiro pneu. Furariam mais dois mesmo antes da divisa com o Rio. Em Paraty, o borracheiro cobrou uma fortuna por um pneu novo. Na divisa com o Rio, hoje parece óbvio que uma Kombi naquele estado de conservação, lotada de moleques cabeludos, ia ser parada pela Polícia. Naquela época não era. Fomos parados, revistados e boa parte da grana ficou lá, com a Polícia.

Naquele calor infernal, a melhor parte da viagem foi tomar banho em um naqueles rios do Litoral Norte que cruzam a Rio-Santos. Conseguimos chegar em Paraty, mas aí a Kombi começou a ratear (A história é longa. Continuo depois)

Eu quero ir pra Boiçucanga 1

Carnaval de 87. Decidimos acampar em Paraty. Do grupo, iríamos eu, Lu, Rê, Edmar e Zé. Todos na Kombi do Marcos, amigo bailarino do Zé, que levaria as irmãs: Mônica e Marcia. A viagem tinha tudo pra ser ótima, mas foi a pior aventura da minha vida. Mesmo antes de começar, todos os sinais diziam que os problemas iam ser muitos. Hoje, parece uma lenda.

A preparação

Durante a semana, nos armamos de mentiras. Para convencer o pai da Rê, eu e a Lu fomos à casa dela com a história que iríamos para o ap. de uma amiga no Guarujá. Até o endereço do ap. eu dei. O endereço era até verdadeiro (a quitinete de um primo meu), mas até hoje eu não conheço o lugar. Na minha casa eu disse que iria para Bertioga.

Tudo começou a dar errado no sábado de manhã. Eu trabalhando na loja do meu irmão e aparece o Zéelias completamente bêbado, falando merda. Detalhe: o cara nunca tinha ido na loja.... Meu pai na hora se espinhou: "Você vai viajar com esse cara?". "De jeito nenhum. Nem de praia ele gosta..." E trata de fazer o Zé sumir...

Sábado à tarde, eu em casa arrumando a mochila e liga a Lu: "Que eu levo?" "Lu, a gente vai acampar... leva alguma coisa leve, umas coisas pra comer, sei lá?" Eu lembro que perdi a paciência, não entendia como a Lu não sabia o que levar, começou um bate-boca sem sentido e ela decretou: "Quer saber, eu não vou na porcaria dessa viagem". E bateu o telefone na minha cara. Nunca tinha brigado com a Lu. Fiquei em choque, mas fui viajar.

O ponto de encontro era a loja de silk do Marcos, no Centro de Santo André. Na hora de sair, final da tarde de sábado, começou a cair um puta temporal. Que sábado!! Meu pai, todo solícito, disse: "Eu te levo lá!" Por dentro eu gritei "NÃO!!", mas não tinha jeito. Entrei no carro e fui morrendo de medo do Zé estar lá e minha mentira ir por água abaixo. Mas não estava. Aliás, não tinha ninguém lá. Só um cara que não conhecia e não lembro quem era. Meu pai foi embora na chuva e eu fiquei esperando durante sei lá quanto tempo, mas foi uma eternidade.

Acho que foi o próprio Marcos quem chegou e fomos pra casa do Zé. Ele estava lá, quase de coma alcóolico. Não lembro quantos de nós, mas sei que o colocamos debaixo do chuveiro. Sairíamos na madrugada de domingo, numa perua sem bancos traseiros, que só pegava quando calávamos a boca e rezávamos. (continua)

terça-feira, novembro 8

Técnico de futebol

Quando comecei fazer o tal do teatro, achava fantástico o trabalho que aquele cara ia conduzindo na frente do grupo, ele desenhava pessoas no palco. Tive a felicidade de ser dirigido pelo João Acaiabe, (lembra da esfinge...no ratibum..) Sempre muito calmo, quase nunca perdia o bom humor e conversava muito. Foi ali que eu gostei de dirigir, era legal ir mexendo nesse xadrez de gente ir curtindo o resultado aos poucos. No Molambo Trampo essas mexidas de gente eram muito especial, tinha retorno e criava o diferencial. Nossas dificuldades viravam novas possibilidadesl, reconstruimos tudo. Só para lembrar, No Chatear e encher, que nada mais era do que um trote, ganhou minutos e minutos só com o non sense do Edmar. É isso, dirigir é bom demais, dirigir o Molabo era prazer puro.

segunda-feira, novembro 7

Tsc Tsc Tsc.....

Bom dia camaradas...
agora é tarde mas, vou tentar falar alguma coisa sobre essa coisa toda, seria comico se não fosse sério. Mas vamos nessa.

Douglas, vcê vai bem mesmo hein, seu humor está melhor que o nosso tumor, e isso que me anima a continuar a contar uma história muito legal e quer queiram ou não ajudei a construir. Sempre foi muito fácil sair das situações complicadas ou que seriam necessario uma doação de corpo e alma, eu sei, é dificil, mas muitos se doaram, e falo da Suzete por exemplo com toda sua vontade esteve sempre lá. Isso já é parte da história que estou contando.

Não gosto de se agredido de nenhuma forma, mas reconheço que existe dificuldades pra muita gente de se expressar civilizadamente, eu sei, é o meu jeito mané de ser, mas garanto, não desisto e nem tenho tanto medo assim. O medo corrompe as boas intenções, inclusive os amores, nada sobrevive ao medo desencadeado por qualquer barulho, até de um traque.

O momento dos acontecimentos me leva de volta no tempo, e lembro e me pergunto: porque acabamos? A resposta poderia ser complicada e tudo mais, mas é isso, medo. Medo sim de dar certo, das paixões, dos amores, das crises e até mesmo dos ódios. Fomos um bando de medrosos que não tivemos a ousadia de ir em frente e ganhar (ganhar pra mim é sempre uma palavra perjorativa...pelo que parece sempre levo mais...). Tivemos medo e continuamos com medo, é pena, com a idade sempre achei que nos encheriamos mais de coragem... ou pelo menos de menos medo.

Eu continuo a me divertir e a chorar de alegria por nossas histórias, fiquei feliz demais quando um dia encontrei o douglas e como agora no blog mantém seu fino humor, o wilton impagavel, chorando sua filha. E podemos esperar mais.

Vamos continuar apesar de tudo, tudo isso agora é o que se tem como caracteristica do Molambo Trampo, somos molambos, mas seremos sem medo.
E como disse o Edmar... Pra que esperar... Zé ...vá si fudê... hahahhahahahahahaha

sempre foi rápido...

hahahahahahahahahahahahahahahahahaha... só rindo é que se chega mais fácil ao meio do inferno...

Sou apaziguadora, e daí?

Olha, estou adorando tudo isso. Acho também que não está tudo bem e a gente não tem que fazer de conta que está. Não tinha a menor idéia de quem era a anônima até o Edson me falar, mas isso foi depois que escrevi a bronca. Eu não a defendo, Lu. Só que passado é passado, já era. A nossa vida hoje é melhor do que era ontem. Ela pode dizer o que quer, não importa, e a gente pode deletar. Essa é vantagem do blog. Vocês querem que eu delete toda vez que a anônima aparecer??

Mas, se soubesse antes, não ia mudar o que penso. Acho que vocês, Lu e Edson, são imprescindíveis no blog sim, para contar o que lembram, porque esse é o objetivo dessa trolha. Se a gente aproveita e lava roupa suja, tanto melhor. Eu fiquei com muita raiva sim porque simplesmente começaram a meter a boca em algo que até um dia antes estavam achando legal. "Drogui", lembra, Edson??

Continuo a achar pouco para não escrever mais. Pensamos diferente? Ótimo!!! Somos amigos, não almas gêmeas. Nem santos. Não quer dizer que não os respeite. Seria uma droga se não tivéssemos diferenças. Fingir que nos gostamos sem restrições é que é um saco. Só resolvi falar, o que vocês estranham porque sempre acham que eu sou mansa. Mas nunca fui. Mas sou apaziguadora, sim. O melhor da briga é a reconciliação. Posso falar demais e estar errada porque não entendo as coisas que os machucam... Aí, desculpe, mas também não posso ficar quieta quando vejo uma coisa que não aceito. E vocês têm o mesmo direito de gritar... É uma via de mão dupla. Acontece o mesmo quando vocês falam do que não sabem sobre mim.

Sou "bem resolvida", descolada?? Pode até ser. Levei muita porrada para ser assim e só tento ser prática. Também tento não complicar as coisas e gosto de ser direta. E adoro quando são diretos comigo, sem melindres e meias palavras. Odeio o que vai nas entrelinhas, porque não sou boa para entender as entrelinhas.

Com o blog tudo o que quero é relembrar, me divertir e reencontrar as pessoas que gosto. Acho que se pintar mais intrometidos indesejáveis o negócio é mandá-los à p.q.p. (Aliás, a gente quase não mandava quem merecia a p.q.p. há 20 anos, mandava? Eu pelo menos não mandava. Era mais apaziguadora ainda. Que babaca eu era...). Ainda mais agora que a Su entrou. A Marcia também me mandou um e-mail, está com problemas técnicos para entrar no blog, mas vai voltar.

Quanto ao Zé... Bem, o Zé é o Zé, Mané ou não. A idéia do GreepeaceZé é engraçadíssima. Mas ele é bem grandinho para ter defensores. Nesse episódio, eu não defendi o Zé, defendi o blog. Acho que esses "olhares" que você nos atribui (moral eu, erradal você, coitadal o zé...) não tem nada a ver com o que que cada um é de verdade. Somos muito mais que isso, de pior e de melhor...

A gente tem que gostar das pessoas do jeito que elas são ou desistir delas. Eu desisti de todos durante um tempo e acho que não valeu a pena. Estou tentando resgatá-los. Me recuso a atribuir a uma única pessoa ou a um único momento da vida todas as sacanagens do universo ou todos os meus problemas. Depois eu vou saber se estou certa ou se valeu a pena ou não. Levo a vida assim.

Lu, pode parecer maluco, mas adorei tudo o que você escreveu. Gosto cada vez mais de você. Se quiser, a gente lava a roupa suja pessoalmente.

Beijos a todos

Vivi

quinta-feira, novembro 3

ta todo mundo loco ...oba.

Que é a cabeça irmão, é a cabeça irmão,é a cabeça irmão, mas que depressão
É a cabeça irmão, é a cabeça irmão, mas que confusão
É a cabeça irmão, é a cabeça irmão desafinação, é a cabeça irmão, é a cabeça irmão.

6X Tá todo mundo louco, oba
“Tube ri din din, din din, tube ri din din, din din”

Tudo esta ficando diferente ninguém vê!
Já estou cansado de ouvir você dizer
Que eu não sei fumar, que eu não sei beber, que eu não sei cantar
Aquilo tudo que você adora ouvir e eu não sirvo pra você , por que?
Eu não sei cantar inglês ,por que? Eu não sei cantar inglês, eh

6X Tá todo mundo louco, oba
“Tube ri din din, din din, tube ri din din, din din”
Já não compreendo a razão do desamor
Nem entendo porque ninguém fala mais o amor
Você me traiu e disse que é normal
Um a um todos irão por certo acompanhar a evolução e quase que eu fiquei pra trás
Por que?, fui querer ser bom rapaz, por que? Fui querer ser bom rapaz, eh

9X Ta todo mundo louco, oba....

Vamos recomeçar com os mesmos erros

Eu não entendo vocês Edson e Luciene... Definitivamente não entendo. O pior (e melhor) é que os amo. Por isso vou falar.

Há 20 anos nos conhecemos, o grupo. Vivemos juntos momentos importantes, definitivos mesmo para a vida de todos. Mas não tivemos capacidade para tocar aquilo adiante, por imaturidade com certeza, mas não tivemos. Mesmo assim, continuamos a nos amar INEXPLICAVELMENTE.

Seguimos nossas vidas, alguns com muitas, outros com poucas, mas todos molambeiros que viveram aquilo intensamente com frustrações: o grupo que não virou, a carreira que não segui, a liderança que não soube ter, o amor que não tive, os amigos dos quais me afastei. Aí, nos reencontramos. Aos poucos, nos reaproximamos. Vamos juntando os cacos, tentando entender o que aconteceu. Descobrimos um meio de nos expressar. Legal. Adoramos. Talvez a gente consiga reconstruir algo.

Aí vem o imponderável. Um anônimo escreve uma coisa no blog (que me parece inofensiva, desculpe se não for), e o mundo cai. E vamos voltar a repetir erros: tirar suposições, acusar sem entender o que está acontecendo, pular fora sem avaliar o que está em jogo e quem está a sua volta. É isso, repetir erros. Por causa de uma bobagem, por falta de conversa, por não entender o que pode ter acontecido. Vamos nos machucando de novo. Uma coisa que está sendo legal para todos. TODOS. Que bosta!!!

Qualquer um pode acessar o blog e escrever no fala-povo. Falamos isso desde o início. Eu enviei o endereço para um monte de gente. O Wilton também. O Zé também. Espero que o Douglinhas tb. Acho que todos devíamos mandar porque há coisas do Molambo que só a platéia lembra, ou os agregados como diz o Douglinhas.

Para escrever, como nós escrevemos, só com convite, que eu enviei. Suzete e Edmar ainda não responderam. Wilton, ainda não sei o porquê, só escreve no fala-povo. A Márcia não escreveu mais.

Se um anônimo escreveu no fala-povo pode ser (e tb pode não ser, mas é muito provável que seja), porque o cara como nós não sabe mexer direito nessa porra e não colocou lá o nome dele. Aí entra a palavra anônimo. Não é possível que vocês imaginem que isso seja sacanagem!!! E por causa disso resolvam ir embora!!!

DESISTIR !!!

DE NOVO!!!

É MUITO POUCO !!!!

Mas cada um faz o que quer com a própria a vida. Depois, chora ou comemora o resto da vida. Desculpe, mas não estou disposta a repetir erros. O que está rolando aqui é MUITO importante para mim.

Com muita raiva (e quase aos prantos), beijos a todos

Vivi