segunda-feira, outubro 31

Viva o Wilton!!

É maravilhosa mesmo família do Wilton... São puro Molambo. Já estou com saudades. Quando vai rolar outro encontro, heim? Temos que marcar. Só uma coisa: o Wilton tem que publicar o que lembra e não ficar escrevendo só no fala-povo...

quinta-feira, outubro 27

Vamos nos ver sábado?

Naquele bar da Vila Pires, na esquina da Coroados com a Martin Afonso de Souza, mesmo lugar onde nos vimos na sexta passada??

quarta-feira, outubro 26

Pequena lembrança da sede

Chegamos a visitar o que seria a nossa sede. Um casarão antigo, na esquina da Agenor de Camargo com a Cel. Ortiz. Ficava na mesma quadra do Ballet Oficina. A idéia era ter um espaço próprio para ensaios e também dar aulas. O Zé que nos levou lá. Lembro que, quem visitou o local, achou a idéia ótima. Estávamos cansados de lugares emprestados. Não sei se o casarão está lá ainda, acho que não... Mas durante anos passei por aquela esquina e lembrei com tristeza daquele sonho que não decolou.

Essa tal de memória coletiva...

E eu nem lembrava que já estivemos perto de ter uma sede. Um espaço Molambo de produções.
Tá vendo, a gente sonhava alto.

terça-feira, outubro 25

Coisas do Diretor


Vou começar a contar pequenos acontecimentos que foram determinantes no sucesso e no meu prazer pessoal de trabalhar com o grupo. Sempre fui um diretor que seguia a a cartilha da improvisão e principalmente pelo prazer de fazer as coisas.
O que me chamou minha atenção?
Uma unidade que era muito dificil de se encontrar, vontade de fazer, pela vontade de fazer. Tinhamos um grupo muito diferenciado, alguns talhados para o teatro o humor e outros com a disposição necessária para enfrentar a batalha.
Com o tempo percebi uma coisa deliciosa, não tinhamos estrelas(com excessão do edsão... claro), todos sabiam das suas possibilidades e não xiavam, sabiam que os papéis mais engraçados ou melhores, sei lá, ficariam com o Edson, a Lú, o Edmar... mas, o que seriam do nosso espetáculo sem os carregadores de piano, que costuravam o espetáculo e davam o melhor de sí ( vivi..., si tem acento??).
O Wilton com seu jeito formal, a Marcia e as batatas, o Douglas pegando um rabo de foguete,a Suzete que dispensa comentários, a Rê senhora do destino, a Silvia era só esforço e dedicação e a Vivi que ia costurando o nosso bom humor com seu jeito de meninacomfalaroucaedeliciosa.

Todos se jogavam com paixão. Então eu sabia que ali era meu lugar. Faria tudo de novo e mais.
.

Os Borderôs...

E u já escaniei... Logo publico. Acho importante resolvermos a única coisa que ficou. Uma ferida aberta que atrapalhou muita coisa.

sempre uma surpresa...

Bom mesmo é quando somos lembrado por uma coisa que era tão especial e andava meio em baixa comigo mesmo. É seu Douglas é muito bom que você lembre de uma coisa que parecia e me andava me parecendo tão sem graça. Foi a melhor coisa da semana, ler um texto que faz tanto tempo que não folheio mais. As coisas realmente podem mudar... Obrigado.

O Fim do Billy, The Kid (só o comecinho)

O FIM DE BILLY, THE KID

PERSONAGENS: Billy, the Kid – Silver, o fiel cavalo – Homen de patins

Billy esta sozinho, pensativo, com seus revólveres, chapelão e traje típico. Fala diretamente à platéia.

Billy – Meu nome é Billy, the Kid. Meu amigo Jesse James sempre dizia que a glória do faroeste é de encher o saco. Eu, é claro, não acreditava.. E na minha ingenuidade até julgava mal o pobre Jesse, achando-o mascarado. Hoje, no entanto, sinto a chateação de ser um ídolo do bangue-bangue. (SUSPIRA) O que Hollywood fez comigo foi demais...
SILVER, O CAVALO, ENTRA A GALOPE, COM UM JORNAL NA MÃO.
ELE TRAZ UM PEQUENO ACORDEON A TIRACOLO.


Silver – Billy, Billy! Você leu a coluna do Zé Simão?
B – Não Silver. Prefiro a Bíblia.
S – O Zé informa hoje a seus milhões de leitores que nós assinamos um contrato fabuloso: Billy, the Kid e seu cavalo Silver serão os heróis de uma série de 320 filmes para a televisão.
B – (DESESPERADO) Ohhhhh, não !
S – (NUM RELINCHO) Siiiimmmmmmm!

O público e a grana

O nosso drama, talvez o grande drama, foi a grana do Molambo. Quanto arrecadamos naquele fim de semana da Independência de 1986, na nossa apresentação no Municipal? A apresentação era nosso prêmio, por ter vencido o festival de 85. E quanta gente nos assistiu naqueles dias gloriosos? E pra onde foi o dinheiro? Tudo isso deu muita briga. Bem, aí vai a numerária.

A moeda era o Cruzado.
Cobramos dois valores de ingresso: inteira, a 30,00 e promocional (com filipeta), a 20,00. Como cobrávamos pouco!!!! Hoje, seriam R$ 9,03 e R$ 6,02, respectivamente.

Primeira noite: 5 de setembro, sexta-feira
Noite fraca. Vendemos 24 inteiras e 56 promoções. Público total: 80 pessoas
Total: $1.840, que hoje seriam R$ 553,54.

Segunda noite: 6 de setembro, sábado
Arrasamos nas promoções e lotamos casa: 275 pessoas
Foram 75 inteiras ($ 2.250,00) e 200 promoções ($4.000,00)
Total: $ 6.250,00, que na conversão viram R$ 1.880,25.

Terceira noite: 7 de setembro, domingo

Viva a Independência, casa mais que cheia, foi uma super emoção. Nosso recorde de público: 314 pessoas. Teve gente que já tinha ido e ver e foi de novo. Bem legal.
Foram 171 inteiras ($ 5.130,00) e 143 promoções ($ 2.860).
Total: $ 7.990,00, o que hoje seriam R$ 2.403,71

No total, arrecadamos nas três noites $ 16.080 cruzados. Fiz a conversão, com a ajuda de um professor de matemática financeira. Ele me disse que o comum é o uso de uma tabela para cálculos de débitos judiciais. No dinheiro de hoje, teríamos arrecadado $ 4.837,46 reais

Mas tinha o desconto do SBAT, 10%: $ 1.608,00 cruzados, ou $ 483,75 reais

Nossa fortuna: R$ 4.353,71

O que foi feito da grana? Não sei. Acho que ao certo, moeda por moeda, ninguém nunca vai saber.
Eu só sei que nunca coloquei a mão no bolso para pagar nada.
E olha que fizemos cartazes, panfletos, figurinos, ingressos e ainda viajamos.

Mais agregados

O Moisés não era um agregado, não. Ele era fundador do Molambo. Foi um dos primeiros a entrar no grupo. O Moisés participava dos ensaios, dos "exercícios teatrais" bem lá no comecinho do grupo, quando ainda ensaiávamos no Singular. Tinha um amigo que estava sempre com ele, o Celsinho, cara muito maluco. Daquela primeira formação, tinha ainda o Jairo, que tocava violão, o Clebson, que roubou meu cobertor em Campos do Jordão, e mais umas meninas que não lembro o nome. Desse pessoal temos fotos. Mas, não sei porque, nenhum deles ficou no grupo para representar. O Mo continuou como técnico!! Eu não lembrava mais nem disso.
Numa outra fase, apareceu o Marinho, amigo do Zé, cara sério, meio mal humorado. Ele e a Raquel, namorada dele que vivia dizendo que nós "precisávamos" namorá-lo, porque ela tinha um namoro paralelo. Nessa fase o Nelsinho, amigo do Zé, também aparecia para ver alguns ensaios. E o Willian Tucci, grande diretor que me levou para a Maurício, foi pouquíssimas vezes nos ver, mas valeu quando foi.
Nas noites, lembro da Marlene e da Loli. A Marlene era prima da Suzete. A Loli, muitos anos depois, acabou virando minha super amiga, é madrinha da minha filha. Coincidências da vida, não é?
Tinha um pessoal ligado ao Tobé. Lembro de um carinha que chamávamos de Blau Blau, morava numa casa em cima de um morro e dava festas ótimas. Por falar em apelido, a Lu lembrou que ela chamava o Zé de Lôlo, por causa do chocolate. O Zé, com cara de chocolate...

segunda-feira, outubro 24

Porre em São Joaquim ...

Foi bom lembrar de São Joaquim... foi uma Barra... Que porre eu o Toninho tomamos.. fiquei péssimo...Mesmo assim até hoje me acabo quando ouço Ace Spade.. Motorhead...

Lembrando que em São Joaquim era o incicio da nossa excursão pelo Brasil... começamos bem...

WILTON... PUBLICA TUDO...

Seus comentários são preciosos.. publica na página.. aí vira parte da história mesmo...

Agregados Graças a Deus.....

Quem diria hein... o piralho que chegou sem graça e com todo o gás... até aulas está dando...

Escrevi pra Viviane sobre isso, só este fato já seria muito especial, interferimos na vida de uma pessoa.. mas fomos mais longe, juntamos um (quase) humano e um cavalo....puxando mais fundo, acho que todos fomos modificados e reeencaminhamos nossas vidas depois daquele momento. Agora, o mais engraçado é que ainda hoje anda mexendo com a gente, não incomoda, instiga. Dá pra acreditar que no segundo bate papo oficial do grupo já estavamos falando em projetos.... Só com essa galera.

sábado, outubro 22

Até que enfim

Até que enfim conseguimos nos encontrar. Cinco que, bem ou mal, ficaram quase que o tempo todo nesse grupo amalucado. Faltou a Suzete... Mas ela vai estar em outros encontros e mandou beijos para todos. Faltaram Wilton e Douglinhas também, mas eles prometem estar no próximo.
No final, organizar o encontro foi mais fácil do que imaginei. Há dois meses achei mesmo que seria impossível. Escrever as memórias ajudou bastante. Ontem, o Zé sugeriu o local, eu e o Edson levamos a bebida quente, a segunda geração também compareceu. Foi muito bom. As fotos comprovam isso. Só uma coisa: melhor idade é o caralho, velhos são vocês!!! Eu odeio estar às vésperas dos 40.
Acho que todas as dúvidas do passado foram colocadas na mesa. Tem mais algum drama escondido no coração de alguém??? Agora é tocar para frente. Novos projetos podem pintar. Insisto no roteiro de cinema. E, se éramos um grupo divertido antes, podemos continuar a ser...
E vamos mesmo fazer essa Quinta que o Pariu que o Zé sugeriu?? Mas, já avisei, não vou dar uma de atriz. Posso fazer a divulgação, o texto final, o release, qualquer coisa que tenha letras impressas. Essa coisa de ficar encenando eu deixo pra vocês, que sempre arrasaram.
Bjos

sexta-feira, outubro 21

Ato Falho....

perdoe...perdoe....

a vivi lembrou das pichações......

Seja bem vindo..

Grande wilton, a vivi disse que ia achar e achou mesmo. Agora camarada é só ir contando suas lembranças e se divertir... porque?

É RINDO QUE SE CHEGA MAIS FÁCIL AO MEIO DO INFERNO.....HAHAHAH

A Gargalhada Fatal...


Na apresentação do Municipal aconteceu uma coisa que não me esqueço. Durante a cena do avião, que o Edson matava a pau, uma mulher nas primeiras fileiras começou a rir. Ele não perdendo nunca uma oportunidade começou a interagir com ela, quanto mais ele falava, mais ela ria, o espetáculo ficou um bocado de tempo parado, o Edson olhava pra ela sério e ela ria ria ria ... foi o máximo, valeu o ingresso.

Dna Lú...

Você está muito bem. Vce lembra de cada coisa hein... Tinha esquecido as pichações...

A Hora da Censura

Anos 80, a situação política ainda não era das melhores, e nós como artistas tinhamos o dever de passar tudo antes pelo crivo da censura.
Seria comico se não fosse sério, eramos obrigados a buscar o censor e fazer uma apresentação especial, em que ele iria dizer se estavamos liberados ou não.
Não me lembro quem foi buscar(ajudem...) só sei que foi em um fusquinha e estava lotado, a censora não acreditou muito no que estava vendo( tem história a viagem... quem foi que conte).
Nossa apresentação foi bem legal, mas foi a única vez que o espetáculo não arrancou uma única gargalhada da platéia, tempos duros aqueles, mas, nosso espetáculo foi aprovado, categoria livre... é mole.

quinta-feira, outubro 20

A propaganda

Para promover o espetáculo, colocamos cartazes por toda a cidade e panfletamos por todos os lados. Acho que até nos orelhões. Mas também, na madrugada, pichamos vários muros: um foi o da frente de casa (morava na Antonio Bastos) e, o pior deles, o muro azul marinho, recém-pintado do Colégio Monteiro Lobato, na Elisa Fláquer. Os pichadores: eu, Edmar, Lu e Rê (não lembro se a Márcia estava). Lembro nossa empolgação quando vimos aquele muro tão azul, tão limpinho, perfeito para a gente escrever o nome da peça, que era enorme: "É Rindo que se Chega Mais Fácil ao Meio do Inferno".
Foi fácil para o diretor da escola descobrir quem tinha feito a sujeira. Ele nos chamou lá. Juramos que não tínhamos sido nós. Mas a Rê ainda tinha a tinta do spray no cabelo e ficava enrolando com o dedo aquela mecha brilhante para disfarçar. É lógico que o homem não se convenceu da mentira. Ele nos chantageou. Disse que se não pintássemos o muro ele falaria com o prefeito e a nossa apresentação estaria cancelada. Era véspera da apresentação, tipo quarta ou quinta-feira. A peça seria apresentada nos dias 5, 6 e 7 de setembro de 1986 (sexta à domingo). O Edmar topou pintar. Alguém mais também topou. Eu não fui. Achei muita humilhação. No fim, o diretor até foi compreensivo: a pintura do muro só foi feita depois do fim de semana do espetáculo.

quarta-feira, outubro 19

Quase fui às lagrimas

Quase fui às lágrimas com o seu depoimento, Edson...
Mas, eu não lembro de ter dito que "poucos não estiveram afim de mim"... Lembro-me de, assim, ter cativado uns três... (rs, rs)

Lembro que fiquei muito orgulhosa quando o Edson se apaixonou por mim. Até hoje sinto esse orgulho, um certo privilégio. Um cara tão mais velho, tão maduro, tão legal, gostar de uma garota assim... tão boboca, sem graça... Lógico que minha autoestima foi às nuvens. Mas, apesar de ele ser casado, no fundo não era isso o que mais pegava: o afeto que sentia pelo Edson era de outra ordem. Éramos amigos, muito amigos, e não dava para ir além disso. A transformação dele em Pai comprovou isso. Mas, mesmo jogando limpo desde o início, me senti um pouco culpada por ter dito a ele: "Olha, eu gosto de você só como amigo." Houve um certo constragimento no princípio, uma vontade de ir embora do grupo por isso também, mas aí de novo o jogo limpo ajudou a colocar as coisas no lugar. Numa carta, o Edson dizia mais ou menos assim: "Olha, esquece tudo e vamos ser amigos pra sempre. Fica no grupo".
Simples assim. Fiquei. Ainda bem.

segunda-feira, outubro 17

AVISO AOS NAVEGANTES

Sensacional, é o adjetivo mais adequado no momento.

Com a Vivi foi a idéia, a "mais memória do Edson", o "bom humor" da Lú e agora até a Marcinha da Praia está presente tudo vai ser diferente.

Essa coisa do blog é uma experiência muito intensa, tudo pode acontecer em tempo real e está disponivel, quem vai ler? Isso é o que menos importa.

Uma coisa importante, os comentários que todos estão fazendo no FALA POVO, ficariam melhor publicados na página principal. Tudo vira história, inclusive esse "novo" bate papo.

Então, vamos publicar tudo...

inté

domingo, outubro 16

O lugar dos ensaios e o escadão

Depois da Lu e da Marcia, agora só falta mesmo o Edmar e a Suzete dos que já foram convidados. Só falta responderem. O Edmar parece que é meio analógico e a Suzete está tão grávida que não se dispõe a sentar no computador... Mas era legal ter o nome completo do todos os outros participantes. Assim, eu tento encontrar nas buscas da internet e convido mais gente.

Aí vão mais lembranças...
Os ensaios eram mesmo maravilhosos. Primeiro usávamos o espaço do Singular. Mas, num certo momento, o colégio nos expulsou de lá. Não tinha espaço para dois grupos de teatro?? Acho que era isso. Eles tinham o Içué Detalhe, mais antigo e promissor... Nós éramos muito despirocados para aquela escola tão certinha. Aí, onde ensaiar? O Zé descolou o espaço da escola de balé do amigo dele, em Santa Terezinha. Como era mesmo o nome?? Ballet Oficina?? Acho que lá fomos bem mais felizes. A luz no lugar, pelo menos, era natural, tinha espelho nas salas, só nós entrávamos lá...

Aí a rotina dos fins de semana era mais ou menos assim: sábado à tarde ensaios, à noite escadão. Eu gostava nos exercício teatrais, mas no fundo não gostava mesmo de representar. Estava lá mais pela companhia e não me sentia muito à vontade de cara limpa, no palco (Mais tarde, me encontrei melhor no palco de palhaço - "Palhaço pode", como dizia o Edmar - e de Magali, onde ninguém me reconhecia). Minha veia cômica era meio tímida, sem graça mesmo. Não rolava. Às vezes achava que o Zé ia me bater porque não conseguia fazer o que ele me pedia nas cenas (quanto trauma!!)... Houve momentos que quase larguei tudo, mas me sentia tão incluída e me divertia tanto vendo os outros representarem, que essa possibilidade não passava de um pensamento que nem dividia com as pessoas. Achava o máximo ver a Lu e o Edson no Billy, de Kid. O Edmar "costurando" as cenas!! O Hilton (ou é Wilton) sério era engraçado!! A Marcia falando "Batata!!" A Su... bem a Suzete é a Suzete, como todos sabem... Fantástico era aquilo!!!

E à noite, o escadão... Quem não se lembra do escadão: Rua 1º de Maio, na frente de uma agência do BB. Ocupamos aquele espaço no dia em que o dono do barzinho em frente (na mesma casa do tatoo) decidiu que nós tínhamos de pagar couvert artístico. Que couvert o caralho!! Esperamos o músico sair do palco do lado de fora. Ele sentou no escadão e cantou para a gente, de graça, com seu violão. Acho que foi Vila do Sossego, do Zé Ramalho. Naquela noite eu decidi que queria ser cantora, pode?? Rouca e desafinada, se não mudasse idéia, estaria morrendo de fome hoje. Não lembro de ter entrado de novo naquele barzinho. Passávamos noites e mais noites no escadão, bebendo sangue de boi, deitados no chão vendo as estrelas e tocando violão. Vida mansa! Meu pai, horrorizado, dizia que eu era boêmia. Para meu azar meu irmão era super careta e não bebia nem cerveja. Ou seja, eu era a ovelha negra. Uma vez meu pai ameaçou me bater na cara e me expulsar de casa por causa da turma de motoqueiros e do teatro. Ele só se rendeu ao grupo quando foi ver a peça com um amigo, no Conchita, e o cara ria tanto que até chorava. O velho ficou envergonhado. Ele não botava a menor fé até então. Quando entrei na Maurício e virei Magali, ele ficou super orgulhoso. Coisa de pai...

sábado, outubro 15

Também vou falar do Pai

Não lembro exatamente como começamos a chamar o Edson de Pai. Mas a Lu tem razão quando diz que, para nós, ele era aquele que protegia, alguém com quem podíamos contar a qualquer hora. E era qualquer hora mesmo...
Numa fase, eu e o Pai nos falámos por telefone por até uma hora durante o dia, escrevíamos um para o outro logo após desligar e ainda nos encontrávamos à noite, para bebericar (minha Coca-Cola com goles de vodka). Era muito bom. Perdi muitas aulas do cursinho por causa disso.
As conversas e cartas e cartões eram, na maioria, sobre nossa relação, nossos sentimentos, promessas de amizade eterna, etc, etc. Essa relação nos deixava livres (nós, Marcia, Lu e eu) e pegávamos mesmo no pé do Edson. Em compensação, chegávamos sempre azucrinando, abraçando, beijando, sentando no colo, explodindo em manifestações de carinho, sem censuras. Eu, se alguma garota se aproximava dele, me fazia de sonsa e também me aproximava, com toda liberdade que tinha: o objetivo era melar mesmo. Como ele era casado (e eu gostava da mulher dele) fingia que a estava protegendo (pura mentira, eu que tinha ciúmes). Eu ainda alimentava uma uma admiração pelo Pai, pelo seu talento no palco, na oratória, no humor, pela sua cultura.
Engraçado que criamos símbolos uns para os outros: ele era o Pai, eu o Sol, a Lu a Lua e a Marcia, a Estrela. Chegamos a dar a ele uma camiseta pintada no Dia dos Pais com todos esses símbolos. Hoje tudo isso parece bem infantil, mas era espontâneo, carregado de amor e de lealdade.
Durante muitos anos me perguntei por quê, se éramos tão amigos, se prometíamos tanto um ao outro a amizade eterna, tínhamos nos afastado. E conclui durante esse tempo que essa coisa de afinidade era mesmo uma bobagem, uma ilusão juvenil. Mas mudei de idéia. Acho que não é não. Quando nos reencontramos, percebemos como foi fácil reatar. Porque são laços que não se desmancharam. Ao revê-lo, casado, com a Lu, foi como se não tivesse ficado longe por tanto tempo. As amizades sinceras são mesmo para sempre.
Beijos a todos

sexta-feira, outubro 7

O primeiro reencontro

Reencontrar o Edson e Lu foi o começo de tudo isso. Mais de 15 anos depois do fim do Molambo, eu não tinha mais esperanças de me reaproximar de ninguém daquele período. Só mantinha contatos esporádicos com a Lú e a Sú. Uma noite, um telefonema, a Lu do outro lado: "Vou casar". Meu coração acelerou. A felicidade da Lú dizia que uma surpresa se reservava para mim. "Com quem?", perguntei. "Fala com ele". Foi uma grande surpresa!! Eu, paralisada do outro lado da linha, ouvindo a voz do meu melhor amigo que não escutava há sei lá quantos anos. O porquê dos desencontros?? Agora não importa. No primeiro encontro dos três, necessariamente reservado, um bom porre de vinho com direito a voltar para casa com escolta foi o que bastou. Fotos e cartas antigas, lembranças aflorando, vontade de beijar e abraçar os dois sem parar...
Mas foi aí que descobri que tinha esquecido muita coisa. Lembro do que rolava nas paralelas, das sensações... Não lembro muito bem do que era prático, da vida no palco. Mas sei que aquilo foi muito importante para cada um que passou por lá, que cada um viveu aquilo de um jeito e por isso esse esforço de reconstruir essa história. Conheço muita gente e sei que fomos privilegiados: poucos viveram uma história de juventude tão intensa.

quinta-feira, outubro 6

Encontro no Canja com Canja


Ontem aconteceu um show no Canja, no saguão da Prefeitura de Santo André, muito bom e ainda encontrei o Cassio.
Quem é o Cassio?
Para quem não se lembra ele era um dos integrantes do grupo Içué Detalhe, nosso concorrente direto nas apresentações em festivais.

Tempos atrás fui assistir o espetaculo do seu grupo o Geração 80, e fiquei emocionado, a história era deles, mas me encaixava em muito momentos,ou melhor, nós todos que fizemos parte daquele momento tão especial.

Comecei a contar a nossa empreitada de resgatar nossa história, que foi magica, demos risada ao lembrar das nossas disputas, e assumimos nossa babaquice, nós eramos assim e era divertido.

sábado, outubro 1

A viagem para Campos

Organizamos uma viagem para Campos do Jordão. De fato, eu não lembro quem organizou o passeio, para quem eu paguei e como soube, só sei que no dia da viagem estava lá. Era julho, inverno, e o ambiente tinha aquele sol morno, que deixa a paisagem meio amarelada, sabe? Toda moçada, praticamente o grupo todo se reuniu na frente do Iesa para pegar o busão. Que pessoal com cara de maluco!! O passeio iria ser de um fim de semana. O Edson foi até lá, mas não embarcou no ônibus. Homem casado, outras preocupações... Acho que a Marcinha também não foi. Eu aproveitei e levei a minha máquina fotográfica e fui tirando fotos de tudo e, principalmente, de todos. No ônibus, a moçada da pesada ficou no fundão. Eu acho que sentei com a Lú um pouco mais à frente. Se não foi com ela, foi com outra garota. E toca o ônibus a seguir viagem. Os copos e garrafas com bebidas vinham sempre para frente, para a gente bebericar. No meio da viagem, a Cátia, aquela menina linda e maravilhosa, “espanhola”, prima da Rê, namorada do Zé, que eu invejava (afinal ela parecia uma mulher pronta e eu me sentia uma garotinha minúscula perto dela), corre para o banco da gente e avisa: “Meninas, não bebam isso porque aí tem Artani.” Olha, eu não sabia o que era aquilo, mas entendi que não devia beber mesmo. Hoje acho até que deveria ter bebido. Naquele dia passei a achar que aquela garota era bem legal. Chapada, ou prestes a, teve saco para se preocupar com as garotas que ela sabia que eram caretas, mas eram bem legais. Ou seja, nós. Hoje isso parece uma bobagem, mas foi assim que senti no dia.
Chegamos em Campos bem cedinho. Café da manhã em boteco, a Lú se enrolando com o Moisés e eu... Bem, eu tirando fotos de todos. Teleférico, vacas, velhinhas simpáticas nos fazendo agrado, descanso no gramado para horror dos visitantes chiques do pedaço. Aí vem a noite, a pior parte da viagem. Aquele menino loirinho do grupo, cujo nome de propósito eu apaguei da memória, rouba meu cobertor. Que saco!! Ele estava tão chapado que não tinha nem o que argumentar. Ele ria e fugia de mim enrolado no meu cobertor. E eu com frio. Fiquei com tanta raiva que fui para o ônibus, dormir, chorando. Sem companhia, lógico. É que para mim só existiam no grupo duas possibilidades de companhia naquela noite. Uma, ficou em Santo André. A outra, já estava bem acompanhada. Eu, que até aí escolhia sempre com quem eu queria ficar, entendi ali pela primeira o que significava a solidão.